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A fase dos “porquês”

Por volta dos três anos de idade é quando ela começa – “Mãe, por que é que o céu é azul?”, “Pai, por que a cenoura é laranja?”, “Vô por que você é careca?”, “Tia por que…..?”
Essa fase pode ser realmente cansativa para os adultos que convivem com a criança, mas a chamada “idade dos porquês” é um período clássico e habitual no desenvolvimento das crianças, e significa que os pequenos estão crescendo e se desenvolvendo conforme o esperado.

Construção da identidade

Desde o nascimento, a criança observa, aprende e entende sobre si mesma e o mundo no qual está inserida. O processo natural para qualquer ser humano, sempre que aprende ou vê algo novo, é buscar respostas. Ou seja, a curiosidade da criança não aparece da noite para o dia, ela sempre esteve lá, mas a criança por não saber ainda falar, ou não ter vocabulário suficiente, não consegue se expressar.
Conforme suas habilidades de comunicação se desenvolvem, a criança começa a formular perguntas sobre tudo o que tenta compreender. Para os adultos pode parecer que a criança está querendo ser “chata”, ou que as perguntas não têm uma lógica, uma vez que as interrogações se multiplicam cada vez mais e parecem não ter fim.
O psicólogo e pedagogo suíço Jean Piaget, pioneiro no estudo dos mecanismos de desenvolvimento infantil, chama este período de “período pré-operatório”. Ou seja, as crianças conquistam a capacidade de criar imagens mentais sem que o objeto ou as pessoas estejam presentes.
Além disso, é nessa fase que as crianças conseguem perceber muito mais estímulos e informações do que são capazes de compreender – por isso, o processo natural é que elas busquem permanentemente o conhecimento.
A criança quer compreender quem ela é, quem os outros são, os comportamentos, regras, fazer novas descobertas, entender como o mundo funciona. Por ainda ser muito pequena, é natural então que ela busque as respostas nos adultos em quem confia e convivem com ela.
A curiosidade da criança é um dos principais mecanismos que a levará a fazer novas descobertas e sofisticar seus mecanismos mentais. Se esse processo ocorre de forma consistente na infância, isso a acompanhará durante toda a vida.

Não deixe a criança sem resposta

Quando somos bombardeados pelos “porquês” da criança, talvez seja necessário reunir o máximo de paciência para nos mantermos calmos, certo? Mas manter uma postura calma é fundamental, assim como sempre responder os questionamentos das crianças – devemos entender que esse é um processo muito importante do desenvolvimento pessoal e cognitivo dos pequenos.
Ser tolhida ou ter sua curiosidade barrada pelos adultos pode levar a criança a se sentir desvalorizada e insegura. Por medo, ela pode acabar interrompendo seu processo de aprendizagem.

Agora que você já sabe um pouco mais sobre a fase dos “porquês”, veja algumas dicas de como lidar e passar por ela sem maiores turbulências:

• Mesmo que esteja cansado(a), tente ouvir atentamente a criança e não a ignore;
• Dê respostas adequadas à sua idade e/ou maturidade. Respostas muito simples não a satisfazem e muito complexas apenas a confundem;
• Se não tiver certeza da resposta, diga que vai pesquisar e depois a responderá. Dependendo do assunto, inclua a criança nesse processo de pesquisa e descoberta;
• Quando questionado, tente devolver a pergunta e ajudar a criança a descobrir a resposta sozinha.

Aqui na Escola nós acreditamos que uma criança curiosa é uma semente que, quando regada constantemente, crescerá e se tornará uma árvore adulta muito mais consciente de seu mundo, suas escolhas e que sempre buscará o conhecimento. Por isso, sempre incentivamos as perguntas, os questionamentos e tentamos levá-las a novas descobertas.

O vício das crianças em tecnologia

Atualmente a tecnologia faz parte do cotidiano de todos nós, inclusive das crianças. Esse é um cenário que não irá se reverter, apenas se aprofundar.
Cada vez mais cedo, as crianças têm contato com tablets, smartphones, antes mesmo de aprenderem a ler e escrever, e isso por um lado pode sim ajudá-las a desenvolver habilidades e adquirir conhecimento, porém o uso abusivo dos aparelhos tecnológicos pode causar danos no desenvolvimento, na saúde e no desempenho escolar das crianças.

Uma pesquisa realizada pela AVG Technologies, em 2014, com famílias de todo o mundo mostrou que:
66% das crianças entre três e cinco anos de idade conseguia usar jogos de computador
47% sabia como usar um Smartphone
Apenas 14% era capaz de amarrar os próprios sapatos sozinha.
O levantamento apontou ainda que, 97% das crianças brasileiras entre seis e nove anos usam a internet.

Os artigos eletrônicos podem sim ajudar crianças menores de 3 anos, quando utilizados de forma educativa. Contudo, a Academia Americana de Pediatria recomenda que crianças de até 2 anos não devem ter contato com tecnologia e mídias digitais, pois nesses dois primeiros anos de vida o cérebro da criança se desenvolve bastante rápido, por isso crianças pequenas aprendem mais pela interação com outras pessoas do que com telas.

Segundo a neuropedagoga Priscila Peres, a utilização de tecnologia dentro de casa pode mudar o comportamento das crianças – aquelas que usam muito videogames, celulares e tablets acabam se tornando mais inquietas, ansiosas e retraídas, em comparação àquelas crianças que têm contato com outras crianças, animais e atividades lúdicas e ao ar livre.

Por esse motivo, muitas crianças acabam sendo diagnosticadas erroneamente com déficit de atenção e hiperatividade; isso porque essas crianças parecem não se interessar por nada e parecem não conseguir se concentrar em atividades que não sejam relacionadas à tecnologia.
Segundo Priscila, para saber se seu filho tem algum distúrbio basta observar se ele é capaz de ficar quieto na frente de um computador, televisão ou tablet. Se conseguir, significa que não tem nenhum problema de déficit de atenção.

Esse vício em tecnologia afeta diretamente o desempenho das crianças na escola, pois na escola elas devem conseguir se concentrar em outras atividades que não envolvam tecnologia, mas devido ao hábito desenvolvido em casa ou fora do ambiente escolar, essa criança não consegue se interessar e prestar atenção em coisas e atividades que não tenham telas.

Para os bebês a recomendação é que tenham o mínimo contato possível com tablets e smartphones, pois nos bebês o sistema cognitivo se forma depois do sistema motor. Por isso é importante estimulá-los com atividades que desenvolvam a coordenação motora e a capacidade de criar laços afetivos, antes de estimulá-los com vídeos e telas.

Cada vez mais vemos crianças e adolescentes que não conseguem desgrudar os olhos das telas e esse vício está se tornando sistêmico na maioria dos países. Por isso aqui na escola nós incentivamos os alunos com atividades ao ar livre, e atividades lúdicas nas quais eles têm a oportunidade de desenvolver habilidades sociais e a concentração.
É fundamental que as crianças brinquem entre si e com a família, que corram, pulem, gastem energia, principalmente nos primeiro 7 anos de vida. Desta forma elas não terão problemas em se interessar por outras atividades e será possível evitar a dependência de tablets e smartphones.
E lembre-se: é muito importante estabelecer regras e limites para a utilização de tecnologia dentro de casa. Sempre supervisione as atividades online das crianças, e tente intercalar, por exemplo, o tempo no computador com alguma outra brincadeira, como jogos de tabuleiro, desenho, esportes etc.

Criança pode e deve ajudar nas atividades da casa

Você já ouviu falar na tabela Montessori? Neste artigo vamos falar um pouco sobre ela e seus objetivos.

Método Montessori é o nome do conjunto de teorias, práticas e materiais desenvolvidos pela italiana Maria Montessori.
O método se funda na ideia de que a educação se desenvolve com base na evolução da criança, e não o contrário. Ou seja, para cada época da vida alguns comportamentos e necessidades específicos são predominantes, sempre considerando a individualidade de cada criança.
Além disso, Montessori incentiva que ensinemos as crianças a fazerem tudo sozinhas, de modo que possam assumir responsabilidades e desenvolver autonomia e independência.
Tendo isso em mente, o método Montessori nos oferece uma tabela de tarefas que as crianças podem executar, de acordo com cada faixa etária:

Devemos ressaltar que é muito importante sempre incentivar e elogiar os pequenos, e também propiciar um ambiente agradável e divertido. Por exemplo, se for guardar os brinquedos com uma criança de 3 anos, é possível separá-los por cor, formato, tamanho, e transformar a arrumação em uma gostosa brincadeira.

Se a criança puder se divertir enquanto realiza as tarefas, será muito mais fácil criar hábitos.
Ou seja, se estiver em dúvida se uma criança pode ajudar em casa, a resposta é SIM. Auxiliar nas atividades da casa ajuda as crianças a desenvolver sua capacidade motora, experiência sensorial, e ainda contribui para uma aproximação familiar. Além disso, é fundamental para que se tornem adultos responsáveis e independentes.

Aqui na Escola Interação, na educação infantil, nós utilizamos técnicas e materiais típicos da metodologia Montessori. Os móveis são da altura dos pequenos, e eles são incentivados a guardarem e organizarem os brinquedos e materiais utilizados na escola.